Janelas de Aprendizagem ou Janelas de Oportunidades

Durante o dia muitas pessoas compram smartphones, tendo acesso aos mesmos programas, aplicativos e funções. No entanto bastam alguns minutos de posse do aparelho para cada um de nós, excluirmos programas, incluirmos novos apps, mudar a configuração para tela principal, de ícones daquelas funções que mais utilizamos todo tempo, enfim rapidamente deixamos nosso aparelho de celular diferenciado de todos os demais, correto?

Partindo deste raciocínio, podemos afirmar que até celulares sofrem interferência do ambiente em sua vida funcional, certo?

Afinal qual a relação entre os smartphones e as Janelas de Oportunidades? Trata-se apenas de uma analogia para entendermos uma parte do funcionamento do nosso cérebro, mas que fique claro que não se trata de instalarmos e desinstalarmos programas, ok?

As Janelas da Oportunidade se auto definem, pois dizem respeito a aberturas, passagens, e podemos dizer que são fases. Numa dessas fases, o nosso cérebro encontra-se repleto de bilhões e bilhões de neurônios, que estão aptos para armazenar e formar novas e novas conexões. Estes neurônios, por estarem em sua melhor forma, geram conexões cerebrais de altíssima performance, e todo esse milagre deve-se a uma fase que é mais sensível ao desenvolvimento de todo tipo de habilidade. Estamos falando da infância sim, isto mesmo!

Primeira infância oferece a melhor janela de aprendizagem para um segundo idioma

Será durante a infância que, através das experiências oferecidas pelo ambiente, iremos repetidamente, pouco a pouco, nos especializando e ficando bons em algumas brincadeiras, muito bons em determinados jogos, ótimos em certas disciplinas da escola e menos desenvolvidos em outras funções.

O quê irá definir as aptidões e competências a serem desenvolvidas? O tempo de exposição a estímulos, com significados práticos e afetivos aliados a uma boa qualidade de vida dessas crianças. 

Então, como nosso cérebro é extremamente inteligente e em muitos aspectos auto gerenciável, depois de determinado tempo, isto é, de uma certa idade, o cérebro vai fazendo um upgrade no seu sistema. E, preste a atenção nesta informação extremamente valiosa: nesse upgrade, o cérebro irá manter em seu disco rígido todas aquelas habilidades aprendidas, as quais a criança foi exposta repetidamente. Ali ficarão gravadas suas melhores habilidades. E serão eliminadas as habilidades cuja criança não se sai muito bem (poda neural), cujas experiências foram pobres.

Isto significa que em nosso cérebro só há espaço importante para aquelas aprendizagens que usamos com constância. Nosso sistema central faz parte do hardware que veio de fábrica e não pode ser modificado.

Entretanto não nascemos prontos e, portanto, necessitamos completar nossas aprendizagens por meio de informações e experiências, que tornarão possível também o amadurecimento neurológico, fundamental para o avanço das etapas de aprendizagem, nosso software.

Logo, podemos concluir que os primeiros anos de vida conferem um excepcional período para o desenvolvimento de habilidades e capacidades, oferecendo as melhores Janelas de Oportunidades.

O cérebro se adapta

Contudo, existe um saber para nosso entendimento sobre o cérebro que é de fundamental importância, trata-se do fato do nosso cérebro ser um órgão plástico e adaptável, possibilitando ao homem desenvolver e aprender diversas novas habilidades durante toda sua vida.

Isso significa que, mesmo depois da infância, podemos aprender? Claro que sim, aprender novas e novas coisas sempre será possível! Mas então que estória é essa de janelas de oportunidades?

Bem, quando somos crianças temos a chance única de aprender mais e melhor sobretudo a que formos expostos, por todas as razões já discorridas anteriormente. Entretanto, aprender coisas novas quando estivermos adultos, ou mais velhos, nos exigirá muito mais empenho e intervenções para a aquisição dos novos aprendizados.

Podemos pensar sobre pessoas maduras, que resolveram aprender um novo idioma e crianças, com 4 anos de idade, que já ingressam numa escola de idiomas. Recordam de pessoas do seu convívio com essas diferenças? Pensem no grau de dificuldade que a criança apresenta para a aquisição e do adulto que precisa escrever, ouvir, falar, fazer listas, praticar muito de todo tipo de exercício, além de ter um bom professor. É evidente e notória a diferença na aquisição do aprendizado.

Uma curiosa faceta do cérebro é que ele foi desenvolvido sob medida para aprender línguas, sabia? Afinal não é à toa que somos a única espécie, que fala e escreve e em várias línguas!

Uma das formidáveis razões para isso acontecer deve-se ao fato de que quando somos crianças utilizamos os dois hemisférios cerebrais para aprender línguas e com o amadurecimento neurológico passamos a utilizar apenas um hemisfério.

 Sendo assim o cérebro passa a categorizar assuntos que o hemisfério direito irá especializar-se e outros assuntos que o hemisfério esquerdo irá desempenhar. Isto tudo em virtude de passarmos a desenvolver dominância quanto a lateralidade, o que define se seremos destros ou canhotos, por exemplo.

Outra característica extraordinária do nosso cérebro é ser especializado para o aprendizado de novos idiomas, e que a tenra idade nos garante aprendê-los sem sotaque, algo muito pouco observado, na aquisição de um novo idioma, quando se é adulto.

A longo prazo, otimizar ações que privilegiem tais janelas, aliada a uma boa qualidade de vida para as crianças, oportunizará novas janelas de aprendizagem que, bem direcionadas, poderão mudar toda predisposição genética delas.

Segue abaixo o quadro que ilustra e exemplifica em quais faixas etárias, as crianças estão mais propícias e sensíveis para o desenvolvimento de suas capacidades:

Fontes: 

Neurociências em benefício da educação; Neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com