As aulas Telepresenciais e o Dilema das Câmeras abertas

Afinal, por que o aluno precisa aparecer na sala de aula?

Um dos pilares do nosso sistema de avaliação, é o Continuous Learning, que considera a participação em aula, o esforço do aluno em utilizar o idioma, e o seu comprometimento com as tarefas propostas.

Se o aluno não abre a câmera, mesmo que ele fale em aula, o acesso à sua produção oral fica prejudicado. A capacidade de avaliar o listening dos alunos também fica comprometida, pois os sinais de que o aluno compreendeu o que foi falado englobam não apenas o “sim, entendi” ou “yes, I get it”. São as expressões de dúvida, ou de satisfação por ter compreendido, especialmente por parte de alunos menos expansivos, que mostram ao professor a evolução nesta habilidade. A linguagem corporal desempenha, sem dúvida, um papel muito importante no processo de comunicação.

Para aprender um idioma, é necessário se expor, por menor que seja a exposição. O estudante precisa falar, ouvir, e demonstrar compreensão do que está sendo dito, através de sinais corporais e expressões, que complementam a comunicação verbal.

Quando o professor enxerga seus alunos, sua percepção acerca do acompanhamento e aproveitamento que eles estão tendo fica mais precisa. E, assim, ele consegue agir no sentido de dar maior suporte àqueles que precisam.

Portanto, sem a câmera ligada, o Continuous Learning fica prejudicado, o que acaba por afetar outras habilidades.

Nosso propósito enquanto escola de inglês é entregar o melhor serviço aos nossos clientes e alunos. E o resultado deste trabalho depende de um conjunto de fatores, sendo a participação real em sala de aula, um deles.

Outro aspecto importante, e talvez o mais relevante de todos, é o fato de que enxergar o outro nos deixa mais próximos. A partir do momento que conseguimos captar outros sinais na comunicação, além da fala ou escrita, passamos a ter mais confiança no relacionamento com os colegas e professor. Saímos do estado constante de alerta e incerteza. E isso, consequentemente, nos deixa mais predispostos ao aprendizado.

E, para nós na Achieve Zona Sul, é de extrema importância que os alunos consigam perceber um aprendizado efetivo.

Considerações acerca das câmeras abertas na perspectiva da Pandemia

Falando sobre o contexto atual, e analisando as consequências negativas da pandemia sobre as crianças e adolescentes, vamos notar que as câmeras abertas podem ser também benéficas para a saúde mental dos alunos.

A ansiedade frente ao desconhecido tem levado muitos jovens a uma alteração do comportamento que se manifesta pelo retraimento social e ao receio em responder a estímulos ambientais. Tem como característica principal a preocupação excessiva e a expectativa apreensiva, proporcionando uma aceleração inadequada. Além disso, pode gerar um prejuízo nas capacidades cognitivas, gerando dificuldades nos exercícios de atenção e memória. 

E, nesse contexto, as câmeras fechadas contribuem com o isolamento, reforçando o comportamento de esquiva e prejudicando o desenvolvimento de recursos saudáveis na interação com o próximo. 

Além disso, se não há necessidade de aparecer para o outro, deixa de haver o preparo para a aula (aquele preparo que acontecia quando o aluno tinha que ir até a escola ou até o curso de inglês). A organização dos materiais, do espaço de estudo e até da nossa aparência (a roupa que se coloca, o gel no cabelo, o penteado, etc) consistem em atitudes de extrema importância para o desenvolvimento de um repertório de apresentação e postura estudantil (e, futuramente, profissional). Sem esses recursos, ficamos limitados e, possivelmente, socialmente prejudicados.

Assim, uma vez que a tecnologia da câmera se faz disponível, pois nos aproxima do contexto real de uma sala de aula onde o aluno pode desempenhar um papel mais ativo, ao invés de apenas receber o conteúdo passivamente, escondido atrás de uma imagem aleatória, é imperativo que se faça uso de tal recurso. 

Entendemos que pais e educadores devem estimular e modelar tal comportamento, devem estar atentos a sinais de prejuízo na interação social dos estudantes, considerando que crianças e adolescentes não possuem ainda a capacidade que os adultos têm de antecipar o futuro e lidar com as frustrações. Se o isolamento é difícil para um adulto, pior ainda para um jovem estudante que necessita dos mais variados estímulos na construção e consolidação de seu repertório social.

Mais do que nunca, precisamos estimular nossos filhos, nossos alunos. Se não podemos ir até a sala de aula física, vamos dar um jeito de chegar até lá, mesmo que de forma virtual. Mas chegar de verdade, nos preparando para o momento do encontro com professores e colegas e, finalmente, aparecendo na aula. E tal comportamento deve ser estimulado, seja pelo modelo, seja pela insistência. Embora talvez não seja o ideal, a imagem online é o que temos para hoje!

Carolina Blom Sperb

Direção Achieve Zona Sul