Habilidades globais para o ensino de línguas

INTRODUÇÃO

Alunos e professores têm se adaptado às necessidades do mundo contemporâneo e com isso, o processo ensino-aprendizagem vai muito além de uma simples sala de aula. O professor é muito mais que um instrumento de transferência de conhecimento, tem como objetivo maior capacitar seus alunos para um mundo globalizado onde terão que interagir internacionalmente e estarem aptos a operar não só seu conhecimento mas também suas emoções perante as situações vividas. Diante desse cenário, habilidades globais são desenvolvidas no ambiente escolar. São elas que nos guiam no caminho do conhecimento e de valores que fazem a diferença na vida de cada indivíduo. A seguir, apresentaremos um breve relato sobre essas ditas Global Skills. 

COLABORAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Afirma-se, no âmbito educacional, que o ensino da língua inglesa, por si só, é uma habilidade vital para os aprendizes do século XXI. Dentre os grupos de habilidades estudadas, duas delas são citadas como “core skills” (habilidades centrais) no ensino da língua inglesa, e são elas: comunicação e colaboração.

A comunicação é o objetivo principal daqueles que se dispõem a aprender um idioma. Desenvolver habilidades comunicativas efetivamente, implica em amplo conjunto de elementos, tais como: regularidade, relevância e autenticidade. Fatores estes, cujos princípios fundamentam o processo de aprendizagem, uma vez que estão inseridos no cotidiano dos estudantes. 

Portanto, apresentar conteúdos e assuntos através de abordagem comunicativa em formas e contextos variados permeia e potencializa a comunicação, seja ela falada, escrita ou até mesmo digital.  Desta forma, dando autonomia aos aprendizes que estarão aptos a desenvolver e integrar quaisquer tipos de situação às quais possam ser expostos, tornando-os protagonistas destas e de suas vidas, indo muito além do ambiente escolar.

A colaboração anda de mãos dadas com a comunicação, já que ambas necessitam e sustentam uma a outra, e estão diretamente relacionadas à empatia e à tomada de perspectivas (processo pelo qual um indivíduo visualiza uma situação pelo ponto de vista alheio).  Colaborar abrange comunicação efetiva, interação, participação, e compartilhamento de experiências. E a colaboração é capaz de gerar infindáveis possibilidades, uma vez que cada indivíduo é dotado de distintas características e habilidades. Consequentemente, oferece mútuo e permanente enriquecimento, evidenciando tal habilidade global, não só como parte do processo de aprendizagem, mas também como o seu resultado.

CRIATIVIDADE E PENSAMENTO REFLEXIVO/CRÍTICO

Os pilares de tais habilidades globais estão diretamente relacionados ao incentivo do desenvolvimento prático e ativo da desconstrução de ideias e conceitos prontos, cujas respostas certas ou erradas conduzem à discussão e à apresentação de outras perspectivas e novas possibilidades. Desta forma, ampliando o leque de possibilidades e direções que um mesmo assunto pode oferecer. A promoção de múltiplas respostas, prismas (pensamento lateral) para a solução de um problema ou de certa questão, não somente pode trazer soluções mais apropriadas do que aquelas que parecem óbvias, mas também criar um ambiente de saudável exposição de conhecimento individual, tornando-o um rico instrumento de compartilhamento, e assim disseminando valores, ideias, fatos, que contribuem, significativamente, para a formação de indivíduos aptos a enfrentarem os desafios com os quais o cidadão do século XXI precisa lidar.

 Além disso, o típico cidadão do século XXI domina as habilidades globais, utilizando-as na busca por fontes fidedignas de informação, não se conformando apenas com o que está explícito. Sendo assim,  não se torna alvo de “fake news”, que atingem fundamentalmente aqueles cujas habilidades de utilizar o  pensamento reflexivo e visualizar além das entrelinhas não foram exploradas ou desenvolvidas, e por isso estão muitos passos à frente dos demais.

 Logo, tal indivíduo torna-se protagonista de seu caminho e escolhas,  sejam elas quais forem, pois estará munido de conteúdo autêntico, resultado de pensamento reflexivo, portanto genuíno e fundamentado, pronto para desbravar amplamente os desafios de pertencer ao século XXI . 

COMPETÊNCIA INTERCULTURAL E CIDADANIA

O mundo global de hoje requer que saibamos nos relacionar com tamanha diversidade cultural de maneira pacífica. Essa é uma das habilidades que nos permite sobreviver em meio a tantas diferenças existentes e demonstra um grande respeito aos demais indivíduos. Ela está intimamente ligada a autorregulação emocional tendo em vista que a competência intercultural também exige habilidade para trabalhar com emoções alheias. Gestos, expressões faciais, toques, tom de voz, até mesmo vestuário fazem parte desse arsenal que cada um de nós deve ter em mãos ao adentrar mundos tão diversificados. Como já conhecido, “Tu és eternamente responsável por aquilo que cativas”. A responsabilidade social que todos temos ao nos relacionarmos uns com os outros é fundamental e ficou mais evidente em meio a pandemia. Cidadania compreende as práticas de sobrevivência sustentáveis. De acordo com UNESCO, há algumas metas a serem alcançadas que compreendem a consolidação da paz, erradicação da pobreza, o desenvolvimento sustentável e o diálogo intercultural através da educação, da ciência, da cultura, da comunicação e da informação. E como parte desse todo, professores e alunos estão inseridos e são também responsáveis pelas suas práticas ainda que em sala de aula. 

AUTORREGULAÇÃO EMOCIONAL E BEM -ESTAR

Autorregulação é imprescindível para o processo ensino- aprendizagem. A habilidade das crianças de se autorregular, estabelecer limites para si mesmas e lidar com emoções, atenção e comportamento, não somente suas mas também de outros, proporciona um bem-estar emocional assim como curiosidade e persistência.  Isso tudo é essencial para o aprendizado em fase inicial e também ao longo da vida. Essa habilidade permite que tenhamos uma interação social positiva e ajude a estabelecer padrões construtivos de comportamento que serão utilizados durante vida adulta. Dando suporte a autorregulação, está o bem-estar.  Esse sendo tanto psicológico quanto físico. Estar bem de saúde, estar feliz, ter sucesso, ter uma saúde mental de qualidade, ter senso de pertencimento e saber lidar com situações de estresse são alguns dos pontos aqui trabalhados. Nossas ações, pensamentos e experiencias são de fácil acesso a todos nós e estão sob nosso comando. Tudo o que fazemos, pensamos e vivemos demonstram o que temos internamente. E pra que possamos ter esse tão desejado bem-estar, todos os aspectos devem ser alvo de muita atenção e desenvolvimento: bem estar físico, social, e emocional, no ambiente de trabalho e na sociedade. Cada um depende e guia o outro em razão de um bem maior. 

LETRAMENTO DIGITAL

O crescimento da tecnologia incluída na sociedade requer que as pessoas, alunos, tenham alguma familiaridade com o letramento digital. Está se tornando cada vez mais importante a habilidade de criar em diferentes formatos e compartilhar com outros no espaço digital. Com isso envolvemos o conceito de ‘letramento de dados’, o que engloba leitura, interpretação e avaliação digital dos recursos de informação, assim como o aspecto social de gerenciamento e uso dos dados de maneira responsável e ética.  O letramento digital pode ser conectado a todos as outras habilidades, por ser um meio prático e de rápido acesso. Por exemplo, comunicação e colaboração podem acontecer tanto frente a frente quanto no âmbito digital; criatividade pode gerar artefatos digitais tanto quanto objetos físicos; pensamento reflexivo leva o indivíduo a analisar dados adquiridos digitalmente, uma habilidade importante para lidar com a grande movimentação de informações digitais. A competência intercultural é peça importante para o sucesso de uma comunicação online e off-line no mundo globalizado. Autorregulação emocional e bem estar podem tanto ser sustentados e elevados quanto desconstruídos pela relação do indivíduo com as tecnologias, incluindo o cuidado ao utilizar-se da internet e redes sociais, por exemplo. Por isso é importante desenvolver as habilidades integralmente conectadas.

USO DE HABILIDADES GLOBAIS NA ACHIEVE

Aqui na Achieve nossa missão é agregar conhecimento de maneira relevante e permanente na vida de nossos alunos, bem como contribuir para felicidade de cada um deles. E é por isso que os teachers estão sempre se adaptando e se conectando com atividades que possibilitam o desenvolvimento dessas habilidades do século 21.  Em aula, quando queremos trabalhar verbos no passado, ao invés de simplesmente pedir o passado de um determinado verbo, indagamos os alunos acerca de experiencias já vividas. Quando trabalhamos a diversidade de povos, também pedimos aos alunos pra produzir vídeos e apresentações sobre pratos típicos e cultura de países estudados. Além disso, alunos produzem memes, filmes e projetos. Participam de debates, trabalhos em grupos, resolução de problemas, jogos…Enfim cada um dá sua contribuição demonstrando a importância que cada indivíduo tem na personalização de experiencias que tem como maior objetivo relevância e um maior significado na vida cotidiana de cada aluno que ali se encontra. Músicas, dança, relatos escritos e orais, entrevistas, estratégia de aprendizado cooperativo chamada JIGSAW ainda permeiam nossas aulas criando uma atmosfera de grande criatividade em sala. Tudo isso culmina com o nosso tão famoso ATA (Achieve Talent Award) onde toda a comunidade escolar tem enorme participação, prestigiando o trabalho de um ano inteiro de nossos alunos. Isso é o que nos move e nos conecta cada vez mais. 

Por Ana Paula Fernandes, Paolla Hidalgo e Viviane Silva

(Teachers Achieve Zona Sul)