Será que é Cedo para Aprender?

Eu tinha 9 anos de idade, quando minha mãe, estudando comigo, me pediu para traduzir uma lista de palavras em inglês. Para surpresa de ambas, eu não consegui. Mas a teacher do cursinho afirmava que eu era uma excelente aluna e compreendia tudo que ela dizia em aula. 

Saber um idioma não é saber o significado das palavras, é compreendê-las! Compreender, vai muito além de traduzir, pois podemos traduzir algo e ainda assim não saber seu significado. 

Ao nascer, o bebê passa a absorver o mundo, os sons, as imagens e comportamentos ao seu redor, e faz associações. E conforme vai vivenciando cada experiência, as conexões vão dando sentido às palavras e às frases que os bebês escutam. Não importa o idioma, enquanto houver um contexto relevante às necessidades da criança, recheado de emoções e vivências significativas, haverá aprendizagem. 

Hoje em dia já se tem conhecimento, através de inúmeras pesquisas, sobre a plasticidade do cérebro e da importância de exercitá-lo constantemente. Neurocientistas e diversos estudiosos já comprovaram, com seus estudos e pesquisas, que quanto mais jovem, mais facilidade se tem para aprender um segundo, um terceiro idioma. 

No entanto, a produção não é tão rápida quanto à aquisição da linguagem. Quando aprendemos a língua materna levamos praticamente dois anos até começar a falar. E isto, num contexto que nos exige e desafia integralmente.

O que aconteceu comigo aos nove anos de idade, explica o exposto acima. E é o mesmo que observamos nos nossos pequenos alunos de hoje, que iniciam seu aprendizado de inglês até os 6 anos de idade. A teacher faz a pergunta em inglês, e eles respondem em português. Por que a resposta não vem em inglês? O ponto aqui é: eles respondem! Eles respondem porque compreenderam, mas ainda não se sentem seguros ou totalmente confortáveis para fazê-lo em inglês. Essa segurança, essa maturidade linguística, vem com o tempo. Por outro lado, o contato constante com o idioma estrangeiro e o estímulo através de vídeos, músicas e aulas formais, aceleram o processo de desenvolvimento, reforçando a aprendizagem e garantindo maior fluência e desenvoltura no uso do novo idioma.

O fato é que crianças apresentam facilidade para idiomas e aprender mais de um não atrapalha o aprendizado da língua materna, ao contrário do que muitos pensam. Estudar uma segunda língua na infância desperta a curiosidade e instiga a criança, estimulando suas funções cognitivas e facilitando o aprendizado de outras disciplinas. Já se sabe, também, que até aproximadamente os 6 anos de idade, o qualquer vocabulário apresentado aos pequenos é processado pelo mesmo lado do cérebro. Uma palavra, falada em diferentes idiomas, será compreendida pela criança que está aprendendo a falar, sem necessidade alguma de tradução. 

Os pequenos, que ainda não têm preocupação com a opinião e julgamento dos pares (como os adolescentes, hoje cada vez mais precoces). Eles arriscam, falam, e percebem o inglês como algo natural no seu dia a dia. Logo, ouvir e consequentemente reproduzir algo, acaba sendo mais natural e espontâneo. Então, falar “teacher”, ou chegar na escola dizendo “Hello” para o pessoal da recepção, é algo totalmente natural para os pequenos.